sexta-feira, 30 de abril de 2010

O LUGAR DO 1º DE MAIO NO MOVIMENTO OPERÁRIO

Chicago (EUA), Primeiro de Maio de 1886. Após uma massiva greve geral que contou com o apoio de centenas de milhares de homens e mulheres pelo estabelecimento da jornada diária de oito horas trabalho, a polícia reprime brutalmente os trabalhadores. Um número até hoje desconhecido de pessoas são mortas com os disparos. Albert Parsons, Georg Engel, Adolph Fischer, Louis Lingg e August Spies, líderes do movimento, são condenados à morte ao mesmo tempo em que inúmeros outros ativistas são presos.
A mesma luta, que levou à morte os mártires de Chicago naquela época, ocorria em vários outros países.
No Século 19, o mundo passava por profundas transformações. As Revoluções Industriais, ao mesmo tempo que elevaram enormemente a capacidade de produção do homem, traziam em contrapartida uma brutal exploração e miséria dos trabalhadores.
Nos centros urbanos, um número cada vez maior de famílias vivia sem as mínimas condições de dignidade. Nas fábricas, os operários eram obrigados a trabalhar em turnos de 12, 14, 15 horas diárias em troca de salários baixíssimos e sem qualquer legislação trabalhista. Não bastasse a ausência de direitos, as tentativas de organização através de sindicatos, greves, etc. sofriam com a hostilidade permanente do Estado e de seus organismos de repressão.
Todavia, apesar das imensas dificuldades, o movimento operário começava a ganhar força. No ano de 1889, ocorreria a fundação da Internacional Socialista (2ª Internacional). Reunindo partidos de diferentes países, essa organização pretendia dar continuidade à 1ª Internacional fundada por Karl Marx que havia sido dissolvida após a repressão à Comuna de Paris em 1871 e por ter em seu interior um forte setor anarquista liderado por Bakunin que impedia aos trabalhadores se dotarem de uma perspectiva clara de combate pela revolução.
Diferentemente da Primeira, a Segunda Internacional tinha por base partidos e sindicatos verdadeiramente de massa que indicavam um novo e mais elevado degrau na força do movimento operário.
E justamente uma das primeiras medidas da 2ª Internacional, logo no ano de sua fundação foi estabelecer a data de 1º de Maio como um dia dos trabalhadores. Nesta data, não apenas se celebraria a memória dos mortos em Chicago como se promoveriam manifestações em diferentes países, manifestações cujo principal eixo seria a reivindicação da jornada de trabalho de oito horas, a principal bandeira do movimento operário de então.
Assim, o Primeiro de Maio nasceu e passou a ocupar um lugar central na história do Movimento Operário. É importante perceber que não apenas o 1º de Maio é produto da luta e consciência dos trabalhadores como também ajudou ao longo desses anos a produzir e moldar a consciência do movimento operário. Ou seja, o 1º de Maio não é uma simples data comemorativa mas sim um dia em que na prática o movimento operário exercita a frase com que Marx terminou seu famoso Manifesto Comunista: Proletários de todo o mundo, uni-vos!
No Brasil, há registros históricos de que os primeiros atos de comemoração do dia do trabalhador datam de 1895, na cidade de Santos (SP). No Brasil, como em todo o mundo, os patrões e governos a seu serviço sempre buscaram desvirtuar o caráter do 1º de Maio, transformando-o numa festa “oficial” e desprovida de seu caráter classista e combativo.
Getúlio Vargas com a ditadura do Estado Novo (1937-1945), assim como a posterior ditadura militar (1964-1985) proibiram todas as manifestações do 1º de Maio que não fossem as “chapas brancas”, dirigidas pela pelegada de então que se subordinava aos patrões e ao Estado. Em 1978, o 1º de Maio realizado em São Bernardo do Campo não apenas romperia com as comemorações oficiais como também marcaria o início de um ascenso de lutas operárias contra os patrões e a ditadura que levaria posteriormente à fundação do PT e da CUT.Por tudo isso, para os socialistas é tão importante esta data! No 1º de Maio, nos reunimos, comemoramos e refletimos para manter acesa a chama que nos permitirá que um dia não apenas o Primeiro de Maio, como todos os outros 364 dias do ano sejam dias dos trabalhadores!

Um comentário:

Unknown disse...

Nós trabalhadores só conquistamos direitos organizados na luta. triste de ver hoje Lula e Dilma na festa com a UGT, enquanto na Euopa, em especial na Grécia as manifestações marcaram este 1º de maio. Nós trabalhadores brasileiros comemoramos a continuidade da exploração com shows organizados por uma central pelega. Lula e Dilma emporcalham o nosso PT com essa atitude.

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